Natália Ginzburg

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Comecei a ler Natália Ginzburg no final de 2020, com “As Pequenas Virtudes”, que me pegou pela honesta, discreta, fraterna sabedoria escrita de forma precisa e sem excessos, como mostra esse trecho (foto 2) lindo da abertura de “Retrato de um Amigo”, dedicado ao poeta Cesare Pavese. Depois veio “Léxico Familiar”, um romance magistral costurado de ocorrências mínimas da vida de uma família (a da autora) que, em meio a perseguição política fascista italiana e a inúmeras tragédias, resiste, vive, cria afetos, luta silenciosamente. O trecho da p. 163 (foto 3) nos lembra que a história se repete como tragédia E farsa nesse Brasil fascista de hoje.

Por fim até aqui, acabei hoje “Caro Michele”, um romance quase todo epistolar, de vazios tremendos (a começar pelo próprio Michele do título), silêncios profundos e de uma escrita permeada por não-ditos de tremenda sabedoria, melancólica por vezes, mas muito bonita e emocionante (caso do trecho da foto 4).

A escrita direta, por vezes seca, mas sempre fraterna e comovente de Natália Ginzburg, seus personagens perdidos, sofridos, interessantes, sobretudo sábios e “curtidos” de vida, acontecimentos e sentimentos reais, é uma daquelas coisas que quero ter por perto durante muito tempo.

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