A mais Recôndita Memória dos Homens

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Quando ouvi falar pela primeira vez de “A mais recôndita memória dos homens”, de Mohamed Mbougar Sarr, editado no Brasil pela @fosforoeditora , pensei: vou gostar. As referências a Roberto Bolaño e “Os Detetives Selvagens”, um dos meus 5 livros favoritos da vida até aqui; as vozes narrativas cruzadas em uma trama que vem e vai no tempo; as histórias de uma mágica África ocidental profunda e algo desconhecida ainda pra nós; o plágio sendo discutido, assunto que sempre me interessou e aparece em minhas pesquisas sobre cópia e cultura livre; a literatura como temática, longe da autoficção ególatra.

Todos motivos que me despertaram interesse, mas que não foram à época mais fortes que um certo ranço que tenho de obras que ficam famosas e se tornam best-sellers, caso de “A mais Recôndita”. Síndrome de banda indie, alguém já nomeou, para esta bobagem de desconfiar daquilo que faz muito sucesso e sai de um certo nicho. O sucesso do livro de Mbougar Sarr não é bem um estouro gigantesco como o de uma banda pop que renega as origens, eu deveria desconfiar, afinal estamos falando de literatura, não de música nem vídeo viral de 30s.

Antes tarde do que mais tarde, de julho a setembro de 24 eu finalmente venci o ranço e li o livro. Todos os elementos que me atraíam estão lá, com o acréscimo de vários outros, que só me fazem pensar que assombroso talento tem Mbougar Sarr. Uma escrita bonita, poética, por vezes sexy, em outras tantas melancólicas, pesada, engraçada, filosófica, política, mística, irônica. Um livro tão bom que aqui está o inevitável clichê: nasceu como um clássico, porque é um daqueles raros casos que a pretensão e a ousadia geram expectativas altas que são, de fato, cumpridas. Pelo menos as minhas foram.

Quando terminava de ler soube que @mbougarsarr vem ao Brasil para a Flip, daqui a 10 dias. Vai fazer sucesso, vender ainda mais livro por aqui, lotar todas as mesas que participar. E que bom será comemorar o sucesso de Mbougar Sarr!

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Livraria que amamos (1)


shakespeare and co

Escrevi isso esse texto em 26 de janeiro de 2013, quando estive em Paris. Não me orgulho dele, mas reproduzo aqui:

Sei que é meio brega postar estas coisas, mas foi emocionante.
A livraria (ainda) é realmente incrível, espaço pequeno, apertado, daqueles de folhear um livro e pedir licença pra pegar o outro e não esbarrar no próximo leitor. Tem um piano pra quem quiser tocar e bonitos sofás pra sentar e ler calmamente. Acervo e preços bem ok (só de livros em inglês). A história e a aura gigante dali não se sustentariam se ainda não fosse um lugar interessante e aberto a novidades. E finalmente comprei um livro da City Lights, a editora de Lawrence Ferlinghetti que publicou os beats pela 1ª vez, o “Uivo” inclúido. (o livro adquirido foi “
San Francisco Poems”, do próprio Ferlinghetti).