Depois dessas eleições e da eleição da nulidade Jair Bolsonaro à Presidência, é hora de resistência, ir para as bases e, por mais paradoxal que seja, acreditar no que ainda resta de legalidade. Deixo duas boas análises:
_ Um panorama importante e realista sobre 3 caminhos possíveis para um governo Bolsonaro: presidencialismo de coalização, “legalidade autoritária” (na prática: ditadura) e um governo errante, violento e curto, no JOTA;
_ Rosana Pinheiro-Machado no The Intercept Brasil:
“Estudando o fenômeno do bolsonarismo e observando de perto a imensa esperança depositada em sua figura por uma parcela do precariado brasileiro, estou convicta que a insatisfação popular virá muito em breve. Diante desse cenário, o risco de radicalização do seu governo (uma espécie de novo AI-5, o ato mais duro da ditadura militar em perseguição de críticos ao regime) é enorme. Isso porque Bolsonaro terá que apontar culpados, inimigos internos e bodes expiatórios para justificar seu desastre”.
Antes de jogar a toalha e partir pra um exílio (quem pode), convém fincar os dois pés aqui para reivindicar cada resquício democrático que foi conquistado. Para evitar a radicalização num governo Bolso, importante 1) criar uma barreira de contenção que force o funcionamento das instituições por meio de movimento democrático que inclua ativistas, juristas, intelectuais, professores, jornalistas, artistas. Segundo: “refundar os valores da esquerda, aprendendo alguma lição da vitória de Bolsonaro: existe uma carência profunda em uma identificação nacional, uma demanda por resgatar na política os valores de trabalho, comunidade e família, um apelo por uma vida segura e menos precária.”
“Refundar a esquerda só será feito no momento em que nos damos conta de que, apesar de estarmos convictos de que a população errou na sua escolha, algumas de suas frustrações sobre segurança pública e corrupção, por exemplo, eram legítimas. Nós temos uma possibilidade de nos reinventarmos se aprendermos a ler a frustração popular que elegeu Bolsonaro.”
Foto: Dário Oliveira/Folhapress