Diário da tese (6): voltar do campo e escrever

Voltar do campo, escolha das “controvérsias”, definir prazos e capítulos, sobre o fazer da tese: esses todos eram os temas pra escrever na volta do diário da tese. Mas justo estas quatro coisas foram os motivos principais pelos quais este diário está há quatro meses sem atualização. O trabalho de chegar do campo, dar o tempo necessário para se distanciar do diário para então voltar a ele e (re) ver a pesquisa de modo a encaminhar a escrita da tese; de, a partir daí, retrabalhar a metodologia sob a perspectiva de que ela é uma construção ao longo do tempo e de acordo com o objeto e não o contrário; e, finalmente, o contexto político brasileiro, que fez de março um mês movimentado de protestos em ambos os “lados” do espectro político nacional e de abril, maio e junho meses de Impeachment, situação que modificou (e potencializou o alcance) das ações da Mídia Ninja, o objeto analisado. Todos foram fatos para este diário se atrasar e só vir aqui, agora, nesse momento, também como um descarrego – “faça esse post que está no rascunho faz meses e depois reorganiza o site e o diário conforme tu planejou!”.

Aí está.

[E pra não ficar só nisso: terminei o fichamento dos dois textos de Tommaso Venturini que definem a Cartografia das Controvérsias, uma metodologia criada por Bruno Latour e desenvolvida por Venturini como uma espécie de versão “prática” da Teoria Ator-rede . São os artigos: Diving in Magma: How to Explore controversies with Actor-Network Theory (2009) e Building on faults: how to represent controversies with digital methods (2010), escritos na sequência para uma mesma revista, Public Understanding of Science. O trabalho apresenta como identificar e explorar as controvérsias (1) e representá-las digitalmente (2).

Nesta parte dois, Venturini faz uma interessante proposta de deixar todo o material utilizado na pesquisa de forma aberta, na rede, em um site-controvérsia – que no caso dele, foi um projeto coletivo encabeçado pelo Médialab do Sciences Po, de Paris (onde Latour e Venturini trabalham), chamado MACOSPOL (MApping COntroversies in Science and techonology for POLitics). Ele embasa sua escolha de diversas formas teóricas que não vou citar agora aqui, mas dois pontos são essenciais: o fato de, na internet, tudo pode ser rastreado e agregado; e a reversibilidade, nas palavras de Venturini: “Like Theseus, scientists wouldn’t wander the maze of representation without a thread to follow back. By maintaining the reversibility of aggregation, researchers assure themselves (and their peers) the possibility of climbing back up their formalizations and then trying other descents“(p.7).

Baseado nisso é que, nas próximas semanas, vou trazer algumas novidades pra esse diário.]