Extremo: Crônicas da psicodeflação

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Terminei de ler “Extremo – crônica da Psicodeflação“, do Franco Berardi, terceiro livro dele publicado pela Ubu Editora e quarto que leio do autor. Uma parte diário outra “meditações” a partir da pandemia. Talvez o mais irregular que li dele, também porque escrito no calor do momento. Ainda assim, ótimo pra refletir sobre esse período divisor da humanidade que é/será a pandemia. E também para acompanhar um pensamento em processo, vivo e se modificando ao vivo, sempre remix total e em rede com outras mentes, jamais tirado de um “nada” original que nunca existe.

Alguns trechos: “Era uma questão de levar, por meio da luta, o trabalho do cuidado para a esfera produtiva. Hoje, porém, fica claro que o movimento a ser promovido é o oposto. É necessário lutar para transformar todo trabalho produtivo em cuidado com a Terra, com a vida”. Guido Viale na p.121.

“Para quem vê bem o vírus (ou acredita que vê bem), a emergência é apenas uma contingência que passará se o vírus passar; para quem vê bem a emergência (ou acredita que a vê bem), o vírus será cada vez menos letal do que as consequências das políticas de emergência”. Wu Ming na p.119.

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Luigi d’Elia, “A Pandemia é como um Tratamento de Saúde Obrigatório Coletivo”, p.44, do diário de Bifo dia 23/3/2020.

Por fim, pra não ficar só no remix de outras falas, o próprio Bifo em um quase encerramento, profecia de atenção aos delírios das coisas reais, p. 127, 18/5/2020 no diário:

“Tudo vai ficar instável, como um bando de bêbados em um barco no meio da tempestade em alto-mar. É preciso nos preparar para um longo período de instabilidade e resistência e é preciso fazê-lo imediatamente. Resistência significa criação de espaços de autodefesa, de sobrevivência, de produção do indispensável, do afeto e da solidariedade.
Existem pelo menos 85 chances em 100, talvez 90 e até mesmo 91, de que a vida social piore, de que as defesas sociais se esfalecem, de que formas de controle tecnototalitário permaneçam agarradas ao corpo doente da sociedade, de que o nacionalismo belicioso prevaleça. É provável, provável, provável. Talvez inevitável”.

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